segunda-feira, abril 17, 2006

Dos comedores de criancinhas à caserna, 100 anos de sofreguidão

Já de longas datas, anteriores aos cataclismos midiáticos que coloriram a nação brasileña, outros cataclismos infestavam, com seus vapores nefastos, os ares de despolitizadas criancinhas. Preocupados com papões devoradores da petizada, nossos bons velhinhos, nem todos fardadinhos (alguns atrelados a sacos puxáveis), exercendo o zelo com dolo, mandaram, em ofício timbrado (quero acreditar que não de Brasília, mas de algum manguezal da província, pois sempre tinha um siri-papa-merda querendo ser visto pelos tubarões), recomendações imperiosas para a retirada das iniciais da escola, posta nos bolsillos das criancinhas. Os papões, se não aparecessem, inventavam-los.

O nome da escola, em justa homenagem provinciana aos seus magnânimos líderes, era Escola Básica Municipal Presidente Castelo Branco e, as iniciais perniciosas, apostas nos bolsillos: PCB. A explicação da professora me pareceu um pouco vaga e somente após muitos anos, descobri o perigo que corriam os pobres estudantes da segunda série do primário no ano de 1976.
Sobrevivi, me apresentei, em 1986, para o Serviço Militar Obrigado e no glorioso ano de 1987, chegou a minha vez de engalanar-me de verde-oliva. Com tantos exemplos de bravura e inteligência dos nossos líderes, aprendi a ser o melhor soldado do mundo. Aprendi a fazer cri-cri(1), sentado-umdois-depé-umdois(2) e morgar(3), como poucos.

Só não aprendi descer montanhas. E isto me atrapalha um pouco, tá ficando chato aqui em cima, o Zara só quer saber de falar com cobra e com águia. Alguém pode mandar a SWAT me resgatar?

Luiz Mendes, correspondente especial, escrevendo do alto da montanha.

Glossário:
(1) Com um pedaço de cabo de vassoura, de aproximadamente 15 cm e com um prego ou ferrinho, na ponta, cavoucar entre os paralelepípedos do pátio do quartel, para livrar a nação das ervas daninhas.
(2) Quando, durante o ato de morgar, era flagrado por um sargento ou oficial, tinha de obedecer ao comando em questão, respondendo: trêsquatro. Até a garganta do sargento ou oficial se cansar.
(3) Estado de latência.

4 comentários:

Anônimo disse...

PCB não era P. no C. do Bornhausen?

?????????

Anônimo disse...

Acho que tudo isso é apenas um jogo semiótico, de palavras, letras e fonemas.
Não dá prá pensar em Teoria da Conspiração, mas que hai conspiradores, hai

Que negócio é esse de montanha?
Você mora no Morro do Meio?

Anônimo disse...

Peraí. Não era o Rafael que estava planejando uma autobiografia?
Luiz;
Vc esqueceu das flexões e da arte- militar-de-fingir-utilidade..

Anônimo disse...

Luiz Mendes responde:
1- PCB também poderia ser p. no centro da b.

2-é a montanha do Zaratustra. Se ainda não souber qual é, continue lendo Kant, Hegel, etc...

3- Meu pelotão de elite não era tão elite assim. Não tínhamos contato com as técnicas mais avançadas.